quinta-feira, 16 de agosto de 2012
sexta-feira, 27 de abril de 2012
quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
sábado, 21 de janeiro de 2012
De alianças a anéis
Por Fátima Tardelli
Uma coisa que sempre discuto com os cristãos é o livre arbítrio; muitas e muitas vezes perguntei a eles como deus teria dado um livre arbítrio ao homem (livre arbítrio esse que não seria desrespeitado) e, ao mesmo tempo, desrespeitado o de Jonas.
Sim, Jonas. Ele não queria de jeito nenhum ir pregar numa certa cidade e resolveu tomar um navio que ia na direção oposta. Deus mandou tempestades terríveis assolarem o navio, até que a tripulação desse navio descobriu que as tempestades estavam acontecendo porque Jonas teria desobedecido a ordem divina e jogaram o cara na água. Daí veio um peixe (ou uma baleia) e vocês já sabem o resto da estória.
Todas as pessoas para quem eu perguntei isso disseram que deus havia desrespeitado o livre arbítrio de Jonas porque Jonas fazia parte de um povo que tinha uma ‘aliança’ com Deus e essa aliança justificaria o tal desrespeito. Quando me respondem isso, eu torno a perguntar como Deus poderia ter desrespeitado o livre arbítrio do faraó, por ocasião do êxodo, já que dito faraó não fazia parte de um povo contratualmente vinculado por essa tal ‘aliança’.
Sim, o tal faraó teria querido deixar os hebreus irem embora, mas Deus teria endurecido o coração dele. O porquê desse endurecimento ninguém nunca conseguiu me explicar: se o objetivo era os hebreus, após libertos, irem em busca da terra prometida; o ato divino de endurecer o coração só fez postergar o alcance desse objetivo. Ou será que deus queria só uma desculpa para matar aquele mundaréu de egípcios?
Essa aliança divina não é, porém, o objetivo dessa postagem. O anel que quero falar é outro, muito mais importante: o Anel de Giges. Essa alegoria foi escrita por Platão (“A República”, II, 357-368); Giges era pastor e encontra um anel que o torna invisível. Ele veste o anel, vai até o palácio, seduz a rainha, mata o rei e toma-lhe o lugar.
A conclusão daí tirada seria essa: se existisse tal anel, ninguém preservaria a justiça, pois no momento em que qualquer um pudesse pegar sem medo o que bem entendesse sem que os outros soubessem do mal que fazia; todos tenderiam para o mesmo fim, não havendo portanto, diferença alguma entre o homem bom e o homem mau.
O que frearia os impulsos humanos para o mal seriam, portanto, a reprovação e a punição que receberíamos por nossas condutas. Não seríamos bons, seríamos hipócritas.
Mas não é bem assim que a banda toca. André Comte Sponville, no seu livro ”Tratado do desespero e da beatitude I’ (que no Brasil foi traduzido para ‘Viver’, sabe-se lá porque) convida o leitor a um teste: você tem o anel. Só por ter esse anel você se permitiria TUDO? Dar-se-ia ao luxo de estuprar, matar e roubar? Não. Se tivéssemos o anel certamente faríamos coisas que não nos permitiríamos sem ele; mas também existem coisas que, com ou sem ele, nos vedaríamos a fazer.
Os cristãos gostam muito de dizer ‘sem deus tudo é possível’; Datena foi um exemplo de tal comportamento, ao dizer que ‘quem não tem deus no coração é capaz de fazer tudo’. Ledo engano, o deles. A moralidade existe independentemente da religião, e se você só deixa de fazer coisas erradas porque é temente a deus (porque teme a ira dele e crê que sendo bom receberá uma recompensa); a bem da verdade você não é bom ou justo. Você é hipócrita e vendido.
Existem ateus canalhas, assim como existem religiosos canalhas. Do mesmo existem ateus bons e religiosos bons. A religiosidade ou a não-crença não tornam a pessoa boa ou má. E a aliança perfeita da humanidade seria aquela em que o ser humano se comprometesse a tentar ser o melhor que puder, independente do julgamento alheio ou da existência ou não de Deus.
segunda-feira, 20 de junho de 2011
quinta-feira, 16 de junho de 2011
Manual do pastor bem sucedido
Construindo sua igreja
- Não monte sua igreja do nada, isso é trabalhoso demais. É muito mais fácil você pescar no “aquário dos outros”. Entre em uma igreja já estruturada, tente penetrar na liderança e quando você conseguir conquistar a confiança de todos, rache a igreja. Isso não é errado, mesmo porque grande parte dessas igrejas é formada de “rachas”. Lembre-se: “Pastor que rouba Pastor, tem 100 anos de perdão”.
- Depois que você levantar o motim, alugue uma loja bem simples e consiga algumas cadeiras, crie um nome bem chamativo para sua igreja e reúna os amotinados. Pronto, você está no caminho certo.
Arrecadando para o crescimento
- Mostre as deficiências estruturais da igreja e a necessidade de pagar o aluguel. No começo da “empreitada” não compre microfone, comece a berrar (mesmo sem necessidade), os fiéis vão perceber que você está ficando sem voz e vão compadecer de seu sofrimento, isso significa mais coração aberto para as ofertas e dízimos.
- Faça “desafios” para a igreja, isso os motiva a doar mais. Mostre que por causa do seu empenho na obra sua família está passando necessidade.
- O povo gosta de ter a casa própria, então faça a campanha do “Lote Próprio” para a construção da sede.
- “Evangelize”, evangelize muito. Quem planta colhe.
A homilética no culto
- É necessário um pouco de desconhecimento da língua portuguesa. Fale errado, não faça a conjugação verbal certa. Ex: “Nós VAI” OU “A gente VAMOS”. Isso chama a atenção das pessoas, confesso que não sei o porquê, mas tenho certeza que funciona.
- Grite, grite e grite, pois todos nós sabemos que o demônio é surdo.
- Sapateie, faça malabares com o microfone, não fique parado na hora da pregação. O povo gosta de ver o Pastor dá o sangue e suor pela igreja.
- Importante, jogue toda a responsabilidade dos erros e fracassos do povo nos ombros do capeta. Isso é eficaz, a pessoa vai se sentir mais confiante, mais aberta a ofertar. As pessoas não gostam de assumir a responsabilidade por sua incompetência seja em que área for, jogue toda culpa pro demônio.
Hermenêutica
- Invente um monte de proibição e fale que está na Bíblia. Isso levará o povo a te respeitar mais. Ficará conhecido como “homem de princípios”.
- Tudo que fizer e pregar ponha à “culpa” em Deus. Isso mesmo, tudo está na Santa Bíblia.
- Invente casos para ilustrar seu sermão. Faça uma lavagem cerebral sadia no povo.
Campanhas e mais campanhas
- Faça campanhas. Ex: “A Prosperidade”, “Quebrando Maldição”.
- As campanhas são uma bela desculpa para fazer desafios e barganhar com Deus. Peça as pessoas para fazer sacrifícios ($$$) para Deus em troca de seus anseios.
- Um grande exemplo é o pastor Marco Feliciano, ele lançou uma campanha onde você deposita em sua conta R$ 7,00 e ele ora por você. Genial!
- Lembre-se, tudo que você for fazer na Igreja diga que foi Deus que te ordenou. E o mais importante, mentir e omitir fatos são necessários para preservação do “rebanho”. Agora você já está mais do que preparado para montar a sua Igreja e faturar uma boa grana.
Adaptado de uma postagem no grupo de discussão “Ateus – BR”.
terça-feira, 7 de junho de 2011
Vamos estudar a Bíblia?
Foi tão traumático que me lembro disso até hoje: a única vez, no meu tempo de estudante da USP, em que uma jovem bonita e desconhecida tomou a iniciativa de puxar conversa comigo foi para me convidar para um grupo de estudo bíblico. Em minha defesa, digo que resisti bravamente.